I
Um sol preguiçoso me deu boa-noite mais cedo
E as primeiras gotas avisam do choro das nuvens
Abrindo um tapete de náilon por sobre a cidade.
As folhas farfalham sozinhas nalgum calendário
Ouvindo o reflexo das luzes no preto do asfalto
E eu fecho a janela e me engano ao som da milonga.
II
Parobé, praça por quê?
E o chalé ninguém mais vê.
A luz antiga agora ilumina
A tenda, a cola, o negócio da China
E velhos tristonhos sem o que fazer.
16.4.06
15.4.06
En passant
Algumas coisas, nesses últimos meses, mereciam comentários, mas ficaram para trás.
Poderia ter falado daquela loja que, no fim do ano, forrou Porto Alegre e Florianópolis com outdoors onde se lia “Fuck you 2005”. Será que o balanço daquela empresa, no ano passado, foi tão ruim assim? Puderam gastar dinheiro com uma campanha tão educativa! Desde que seja importado, até palavrão é chique. Demorou um pouco, mas a loja, que diz em seu slogan nos entender, precisou de uma decisão do Ministério Público de Santa Catarina para compreender que havia passado dos limites e retirar os outdoors.
Poderia ter falado da moda dos mistérios na Internet: na contramão da sinceridade irrestrita dos blogs, muita gente descobriu que a melhor forma de chamar a atenção é não abrir o jogo. Daí tantas pessoas se identificando apenas com pseudônimos, perfis misteriosos... fotos, nem pensar. Decididamente, a “terceira via” da comunicação pessoal pela rede de computadores.
Poderia ter falado que não consigo compreender o que a revista Set vê de tão bom no “King Kong” de Peter Jackson. Apesar da perfeição na reconstituição da Nova Iorque dos anos 30 e do respeito ao filme original, nada explica as três horas de filme, quase a metade entre dinossauros e insetos gigantescos. Os heróis escapando ilesos de um estouro de dinossauros, então, foi demais para minha paciência. Certo estava o espectador que, assistindo ao trailer, eu ouvi dizendo, para riso geral da platéia: “Que mico!”.
Poderia ter falado sobre tantas coisas... mas, nestes tempos de agenda longa e memória curta, o relógio é, geralmente, mais veloz que a palavra. Como já disse a uma amiga, estou precisando de concentração e, principalmente, determinação. Para que os fatos não continuem merecendo apenas um parágrafo assim, en passant.
Poderia ter falado daquela loja que, no fim do ano, forrou Porto Alegre e Florianópolis com outdoors onde se lia “Fuck you 2005”. Será que o balanço daquela empresa, no ano passado, foi tão ruim assim? Puderam gastar dinheiro com uma campanha tão educativa! Desde que seja importado, até palavrão é chique. Demorou um pouco, mas a loja, que diz em seu slogan nos entender, precisou de uma decisão do Ministério Público de Santa Catarina para compreender que havia passado dos limites e retirar os outdoors.
Poderia ter falado da moda dos mistérios na Internet: na contramão da sinceridade irrestrita dos blogs, muita gente descobriu que a melhor forma de chamar a atenção é não abrir o jogo. Daí tantas pessoas se identificando apenas com pseudônimos, perfis misteriosos... fotos, nem pensar. Decididamente, a “terceira via” da comunicação pessoal pela rede de computadores.
Poderia ter falado que não consigo compreender o que a revista Set vê de tão bom no “King Kong” de Peter Jackson. Apesar da perfeição na reconstituição da Nova Iorque dos anos 30 e do respeito ao filme original, nada explica as três horas de filme, quase a metade entre dinossauros e insetos gigantescos. Os heróis escapando ilesos de um estouro de dinossauros, então, foi demais para minha paciência. Certo estava o espectador que, assistindo ao trailer, eu ouvi dizendo, para riso geral da platéia: “Que mico!”.
Poderia ter falado sobre tantas coisas... mas, nestes tempos de agenda longa e memória curta, o relógio é, geralmente, mais veloz que a palavra. Como já disse a uma amiga, estou precisando de concentração e, principalmente, determinação. Para que os fatos não continuem merecendo apenas um parágrafo assim, en passant.
1.4.06
Improviso
No meio da confusão, a lucidez.
No meio da bruma, o vôo livre.
Desfiz o preparo, vesti-me improviso;
E o caminho certo era também o mais leve.
No meio da bruma, o vôo livre.
Desfiz o preparo, vesti-me improviso;
E o caminho certo era também o mais leve.
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