22.9.05

Seu Zé

Entre outras coisas que têm me afastado deste querido espaço de criação (a saber: trabalho, trabalho e trabalho), passei a me dedicar a uma oficina semanal de cinema, no Museu de Comunicação Hipólito José da Costa. Primeiro tema de casa? Um argumento para um curta-metragem, que deveria ter o museu como assunto ou local da ação. Fiquei muito feliz por meu argumento, entre 15 outros, ter sido o segundo mais votado. Nada mal para minha primeira aventura em texto cinematográfico! Com vocês, "Seu Zé".

* * *

Um grupo de estudantes fazendo pesquisa nos jornais do Museu percebe que todos os dias há um senhor misterioso que também faz consulta no acervo. Um dia, eles resolvem puxar conversa para conhecer melhor aquele homem. Mas, quando vêem, ele não está mais lá. Saem correndo atrás dele, descem pelo elevador, mas não encontram o homem misterioso. O zelador, que viu o que acontecia, explica que aquele senhor é o seu Zé, um saudosista que há muitos anos lê jornais e revistas antigos para entender melhor como o mundo se transformou.

Os estudantes vão embora. Mais tarde, o zelador percorre todo o Museu desligando as luzes para fechá-lo. Ao chegar ao local de pesquisa dos jornais, encontra o seu Zé, pesquisando, e se despede dizendo: “Até amanhã, seu Hipólito! Boa noite”.

6.9.05

As palavras

As palavras são livres
Assim como é livre o escritor
Mas ele está preso às palavras
Vai até onde chegarem
Vai por vezes e volta
Noutras vezes nem vai.

As palavras dividem
A vida em capítulos –
Amores, Dores,
Indiferença, Silêncio,
Descoberta, Amizade,
Inconstância, Promessa.

As palavras são cordas
Que jogo a quem as agarre
Por elas sonhos subiram
E um dia marcaram
Por elas já me puxaram
Pensando que fosse brinquedo.

As palavras minhas
E os meus sentimentos
São tudo o que tenho
Se eles nada disserem
A quem mais me importa
O que me resta?

2.9.05

Haikais gêmeos



livre borboleta
entre árvores escolhe
qual seu beijo enfeita
***
nuvem no ocaso
fica toda colorida
vira algodão-doce
***