5.12.07

Ão, ão, ão...

Futebol não está entre meus temas favoritos, mas não pude deixar de, como dizem os repórteres esportivos do rádio, “repercutir” a queda do Corinthians para a segunda divisão. Em um campeonato morno, cujo campeão já estava escolhido havia meses, o rebaixamento do Timão (sic) foi a grande notícia – que o digam jornais e emissoras de rádio e TV – e, também, a mais grata surpresa.

Unanimidades nunca me agradaram muito, especialmente as propaladas pela mídia. Há muito tempo viro a cara para Flamengo e Corinthians e, à medida que se escancarava a condição desses dois de queridinhos da Globo (Vasco e São Paulo também têm a simpatia da emissora dos Marinho), a aversão aumentava. A gota d’água foi o Campeonato Brasileiro de 2005. Lembram? Cinco dias após o Internacional tirar do eixo Rio-São Paulo a liderança da competição, a revista Veja denunciou o escândalo das arbitragens de Edílson Pereira de Carvalho, onze partidas restaram anuladas, e o tapetão, habilmente puxado, deu o título ao “Timão”.

Se o que se quer é lisura no futebol, que ela valha para todos, inclusive os grandes. Inter, Grêmio, Fluminense e Botafogo já provaram o sabor da segunda divisão. Sabem como é jogar com menos dinheiro, menos partidas televisionadas e maiores distâncias entre estádios. Pela TV Globo, o Corinthians já estava lamentando os 2.400 quilômetros que separam São Paulo e Fortaleza. Será que causaram algum compadecimento os 3.200 quilômetros que América, Inter e Grêmio tiveram de percorrer entre Natal e Porto Alegre?

É constrangedora a histórica diferença de tratamento entre as equipes. Os clubes fluminenses e paulistas que fazem parte do Clube dos 13 recebem maiores fatias do total de verbas distribuídas. Além disso, para que o público gaúcho pudesse assistir a um jogo do Inter ou do Grêmio pela televisão, era necessário que fosse contra Flamengo, Corinthians ou São Paulo. Manobra pouco inteligente, pois era um convite para trocar de canal ou desligar o aparelho.

Que digam, como sugeriu o presidente do Corinthians, que o Inter se deixou vencer pelo Goiás domingo passado e, assim, mandar o time paulista para a Segundona. Teorias da conspiração à parte, bastava ao time do Parque São Jorge vencer o Grêmio, o que não conseguiu, sacramentando a justiça do rebaixamento. A sensação de vitória contra a hegemonia foi tal que gremistas e colorados se irmanaram na torcida anticorintiana. E, de minha parte, por todos esses motivos, nunca fiquei tão feliz com uma derrota do meu clube, o Internacional. É bom, de vez em quando, ver uma mudança.