3.8.07

Depois

Uma porta se fecha. O vento muda de direção, uma amizade se precipita sobre si mesma – e assim, no más, as pessoas passam. Tão inexplicável quanto a vitória da vida (ou a da morte), e ainda mais imprevisível, é o mecanismo da amizade. Afeição, empatia, amor tantas vezes, trocam-se por milhares de quilômetros, bastando apenas uma linha telefônica e um quebra-cabeça que o imaginário monta com peças lidas, vistas e ouvidas, mas nunca tocadas. Um jogo flexível nas regras e inquebrantável nos princípios, em que os contendores se respeitam em seus tabuleiros de tempo e espaço.

Outros mecanismos subitamente falham, contudo, mesmo a uma distância de poucos quilômetros ou até de poucas quadras. O tempo que confirma por que o coração ainda sorri ao ver aquele amigo de infância – esse mesmo tempo mostra como aquele outro amigo na verdade era. Tornamo-nos então exigentes e passamos às vezes por intransigentes, insensíveis, mesquinhos. Não foi aquela dívida que desfez uma amizade de 15 anos; foi a falta de lealdade. Nem foi birra gratuita que afastou outra amiga de há tempos; foi a falsidade, o descaso.


Dia desses, passei por um afastamento anunciado. Uma excelente parceria para tantos assuntos e visões do mundo, mas recentes estremecimentos mostravam contendores com tabuleiros de tempo assaz diferentes. Então, a amiga de cabelos negros, palavras azuis e dias infelizmente opacos decidiu calar-se. Tornará a falar? Quando? É impossível ficar indiferente. Mas aprendi mais um pouco sobre esse delicado e às vezes imprevisível mecanismo, mesmo depois de vê-lo falhar. Que, como na vida e na morte, estamos sozinhos com nossos valores quando não somos compreendidos. Ninguém no mundo sabe o tamanho exato de uma decepção.

2 comentários:

ninguém disse...

pena, isso
O silêncio é de ouro em muitas ocasiões. Qd, p ex, se tem ym punho fraturado dps de um segundo tombo em 5 dias e tendinite bo braço direito.É. Catar milho é difícil pra acompanhar as idéias, mesmo as + confusas.
Deixo este texto até poder voltar.
Pensen positivo, to precisando

Telejornalismo Fabico disse...

*




há muito aceitei que nada é eterno, nem meu humor, nem uma amizade, nem um amor.
nada.

e vivo melhor assim.
quando as coisas acabam, ganham o tamanho da dor que devem ter.
não superdimenciono mais, não procuro explicações onde sei que não vou achar.
se eu mudo, os outros mudam também. e quando dois mudam sem se perceber, nada fica no meio pra unir.

muitos grandes amigos se foram nesses anos.
outros vieram.
a vida é um ciclo que precisa ser respeitado.
nada contra a corrente só traz dissabores.




*