29.6.08

O crime da cena

Chego do trabalho sexta-feira passada e a Globo está exibindo o último pedaço da Sessão da Tarde, um filme chamado “Viajantes do futuro”. Não que valesse a pena tentar entender, mas já à primeira vista a atração (sic) parecia uma verdadeira viagem na maionese, misturando adolescentes num game em cadeiras sacolejantes e cheias de aparatos, esquiadores munidos de metralhadora, e Pat Morita para dar a impressão de que havia atores de verdade no filme.

Eis que presencio a cena do crime: em meio a toda essa salada, um mixer, desses de cozinha, com pás bem mais longas que o normal e comandado por controle remoto, sai voando por uma sala até digitar, num teclado dentro de uma mala, um determinado código. Tudo isso ao som de “A cavalgada das Valquírias”, de Wagner. Se fosse um besteirol como a série “Apertem os cintos”, ainda vá lá. Mas “Apocalypse now” não merecia isso.

Quis saber quem foi o herói que se achou cineasta ao insultar daquela maneira as tomadas do genial Francis Ford Coppola. “Viajantes do futuro”, de 1995, foi o último de oito filmes dirigidos por James Glickenhaus, um magnata do mercado de empresas nos Estados Unidos que pelo visto, na falta do que fazer, resolveu gastar tempo e dinheiro mostrando como não se faz um filme (ele também foi roteirista e produtor executivo de alguns de seus filmes).


Glickenhaus aparece na internet mais por sua coleção de carros de luxo que por sua contribuição ao cinema. “Viajantes do futuro” não mereceu comentário nem no site Rotten Tomatoes, e a média de notas dos usuários do IMDb é 3,7. Naturalmente, não encontrei a cena do mixer, então resolvi ilustrar este texto com o original, bem mais digno do termo sétima arte.



Um comentário:

Unknown disse...

Pois é Renato, assassinram Coppola e Wagner em minutos e a Globo ainda mantém coisas assim como atração... pobres aqueles que só assitem a isso! Crítica perfeita!

Beijo!