10.7.06

Faltou a poção mágica

Estamos em 2006... todo o mundo foi conquistado pelos romanos. Todo? Sim! Desta vez, nem os irredutíveis gauleses, comandados pelos guerreiros Henrix e Zidanix, conseguiram deter a Squadra Azzurra, tetracampeã mundial de futebol. E, pela primeira vez, tive que concordar com Galvão Bueno, que me inspirou a abertura deste texto. Por Tutatis!

Já ouvi dizer que o problema de Galvão Bueno é não ser narrador, e sim torcedor enquanto narra. Não acho. Se fosse torcedor, ele não teria tanta dificuldade para apontar o que todo mundo viu: desde o início da Copa do Mundo recém-terminada, a Seleção Brasileira não mostrou condições de chegar às finais, quanto mais de se dizer “a maior favorita” para vencer a competição.

Se houve alguma justiça na Copa da Alemanha, foi a desclassificação do Brasil. Pois, de resto, como escreveu Hiltor Mombach no Correio do Povo, em futebol não há justiça, há resultados. Lugares-comuns à parte, a Itália sagrou-se tetracampeã, mas, nas oitavas-de-final, classificou-se contra a Austrália com um pênalti, aos 47 do segundo tempo, que não existiu. E, na final, derrotou nas penalidades uma França muito superior com a bola rolando.

A Copa da Alemanha também foi a Copa que desclassificou uma seleção – a Suíça – sem que tomasse um gol. E a Copa em que o melhor jogador – Zidane – decidiu, no dia da aposentadoria, desferir contra o peito do zagueiro italiano Materazzi uma cabeçada que mais parecia um golpe de menir do gaulês Obelix. Que oportunidade perdida para o grand finale de uma carreira!

A Itália, por outro lado, desencantou e deixou a política “o importante é não levar gols” de Copas anteriores. Houve algumas boas surpresas – gostei de ver Portugal, República Tcheca, Austrália, Gana e Costa do Marfim. Mas a Inglaterra que nos deu o futebol não mostrou ao que veio; a Holanda abriu a caixa de ferramentas contra a equipe de Felipão e também levou o seu; a “Fúria” espanhola chegou com muito cartaz e pouca obra; Argentina e Alemanha, apesar da boa regularidade, ficaram pelo caminho... e o Brasil foi o campeão do salto alto, com destaque para Roberto Carlos ajeitando a meia. Como correr para a pequena área e jogar a bola para escanteio sem quebrar o salto 15?


Nenhum grande astro, nenhuma seleção que realmente contagiasse, nenhuma unanimidade. Na Copa de 2006, os campeões foram a organização germânica, a beleza dos estádios e os cartões vermelhos. E a certeza de que a geração Fenômeno acabou. Novos talentos já mostraram ao que vieram, e uma grande renovação, de nomes e de técnica, será necessária se nossa Seleção quiser ser hexa em 2010, na África do Sul. Afinal, está mais que provado que Galvão Bueno nenhum garante o título para o Brasil, por mais que ele repita que Ronaldo Nazário é um craque. Não só os gauleses irredutíveis, mas também a Seleção Brasileira desta vez deixou em casa aquela famosa poção mágica que a torna invencível.

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