11.2.06

O monólito

Catando inspiração para um texto de retorno, eu a encontro não em palavras, mas em notas musicais. Trilha sonora de “2001 – Uma odisséia no espaço”, “Requiem”, de Ligeti – um coro que serve de fundo para as aparições do monólito. E eu achando que se passariam eras até meus próximos escritos! Menos, menos. A realidade é que estava precisando de uma arejada. Já se passaram quatro anos inteiros daquele para o qual Arthur C. Clarke projetou uma viagem tripulada a Júpiter, mas muita coisa continua igual aqui no microuniverso.

Curioso que uma obra musical chamada “Requiem” tenha servido para os encontros entre o homem e aquela pedra misteriosa, que, no filme de Stanley Kubrick, parece estar presente nas grandes transformações na vida do homem – inclusive em um “renascimento”. Um contra-senso? Nem tanto: concebido antes de o homem ser o que é, o monólito parece ao mesmo ser de uma tecnologia que nunca alcançaremos. Ele absorve toda a luz que recebe, emite ondas eletromagnéticas e um som ensurdecedor e foi moldado nas exatas proporções 1x4x9. Uma das grandes idéias da história do cinema, pois, com a (diríamos hoje) modéstia dos efeitos especiais de “2001”, Kubrick pôs na tela um universo misterioso e criou um dos mais importantes filmes de ficção científica de todos os tempos, ainda instigante, após quase quarenta anos.

O que era o monólito? Provavelmente obra de seres inteligentes, mas o mistério que cerca sua existência, seu aparecimento e seu papel ao longo da “Odisséia no espaço” apenas confirma o que o próprio Kubrick afirmou: se alguém pudesse realmente explicar “2001”, ele, Kubrick, teria falhado. Afinal, não é um filme para explicar ou ser explicado, e sim para questionar nossas origens e nosso futuro.

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