29.1.08

Entre o rosa e o branco

(Ou: Chega de férias!)

Chega de textos bregas. Chega, na falta de outras, de palavras excessivamente doces, como aquelas guloseimas feito plástico cor-de-rosa que os shoppings vendem a granel. As palavras não são itens de confeitaria, mas frutos, cujo sabor deveria variar conforme o paladar que os colhe. Quero que elas digam a beleza que tiverem, nada mais.

Já falei sobre o vento, o outono, a chuva... Às vezes eu me sinto um mero adicionador de glicose às intempéries, tão monocórdio como o entediado Bill Murray de “O feitiço do tempo”. Dias iguais, palavras iguais. Que ironia! Tal e qual Ferdibrand, o enviado especial a Punxsutawney, Pennsylvania, era um jornalista oferecendo seu reino por uma palavra que fizesse a diferença.

E chega de justificativas. Estou sempre “voltando” para meus cinco ou seis leitores, se os tiver. Ausência de inspiração é uma coisa, falta de disciplina é outra. No ano que acabou, deixei pela metade uma dezena de textos, como aquele sobre o desabamento da obra do metrô em São Paulo. Inútil requentá-lo, o tema já fez até aniversário. Falando em aniversários, em julho de 2007 aconteceu o centenário de Frida Kahlo e nem aproveitei o fato de que uma amiga esteve no México na época das comemorações. Meu blog poderia ter uma correspondente internacional, mas que justificativa há para a falta de determinação na hora certa?

Sim, chega de férias para o blogueiro. Não que eu vá escrever todos os dias, mas tenho feito chover pouco neste campo, bem menos do que eu queria. Um por cento de inspiração e noventa e nove de transpiração? Nem tanto, mas, enquanto eu oscilar apenas entre o rosa de palavras adocicadas e o branco de folhas não escritas, a grama do blog vizinho sempre parecerá mais verde.

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