9.7.05

Nada se cria

O rato roeu a roupa do rei de Roma e a rainha disse: “O rei está nu”. Hmmm, não, não é assim que começa. Quem sabe assim: o gato comeu a história do rei, e a rainha de raiva rasgou o resto do rascunho...

Na verdade, aproveitei o gancho deixado dias atrás por minha amiga Katinha para ver se finalmente conseguia pôr o preto no ocre. Como todo jornalista que se preze, aproveito ganchos. Cada parágrafo novo da minha matéria tem que aproveitar um gancho deixado pelo anterior. O texto da revista resume o que os jornais publicaram ao longo da semana; o jornal, por sua vez, “chupa” informações da concorrência, da TV e do rádio... e mesmo o repórter que está lá acompanhando o nascimento da notícia não faz mais que captar e interpretar informações que outros criam para ele. Talvez por isso, neste mundo de gatos, vampiros e sanguessugas, muitos com o rei na barriga, seja tão difícil criar uma idéia nova. Nada se cria, tudo se maquia.

Por isso alguém que por acaso passou por esta página viu um título, três ou quatro linhas explicativas e nada mais. Isso já faz uma semana. O gato comeu a inspiração do autor, a qual teimava em não voltar. Deus sabe o que custou para sair o primeiro parágrafo. Mas talvez aí mesmo resida o primeiro passo. Porque não quero fazer deste blog um diário sentimental, nem me vejo em condições de contribuir para nossa literatura. Já disseram que eu sou um escritor de mão-cheia, mas abri as mãos e nelas não vi muito mais que duas letras M.

Entretanto, senti um dia uma comichãozinha de escrever algo diferente, que fugisse às batidas cinco perguntas do jornalismo (quem, o quê, como, onde, por quê), mesmo que não agrade. E – como me fizeram recordar os escritos de minha amiga – a palavra que o rei procurava para iniciar sua história está em qualquer lugar, ao lado dele, nas piadas do bobo da corte, nos planos para seu reinado ou simplesmente em seus sonhos, sua fantasia. Então, encorajei-me e resolvi inaugurar meu espaço com a dificuldade para inaugurá-lo.

Quem sabe isto sirva de exercício para minhas idéias e minhas palavras. Afinal, escrever é ao mesmo tempo dominar as palavras e dar-lhes asas. De certa forma, eu me desnudo, e não o rei – mas antes uma alma nua que páginas vazias.

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá meu querido..quanta honra em ler seu blog...perfeito..!!
Adorei..e espero ler muito mais.
Estou com problemas para acessar o beltrano e o orkut...pois perdi contato com todos voces..principalmente vc meu miguinho do coração.Quando quiser falar comigo acesse meu msn..maraflores872@hotmail.com..ok
afinal este ainda consigo falar com alguns miguinhos..tá..
Tenha um lindo final de semana..mil bjinhos..pra ti!!!

Anônimo disse...

Bem... Vejamos: Um ótimo texto a ser comentado, um amigo muito querido a cumprimentar, e uma inspiração que nasce bem tímida...
Rê, meu querido, amei o texto, e a naturalidade com a qual ele fluiu.
Interessante ter inspiração para falar sobre a falta de inspiração, que acomete a todos nós, jornalistas e pretensos jornalistas (eu me encaixo na segunda opção!), ou meros simpatizantes da linguagem escrita...
Pois bem: Te dou os parabéns, pois você merece! Esmiuçou um assunto complicadinho, "chatinho", de forma inteligente, explicativa, interessante e sem marasmo.
Devo parabenizar com todo o meu carinho essa Fênix, que sempre renasce me surpreendendo!!!
Baci per te, dolce amico del mio cuore!!

Meriele.

Anônimo disse...

Oi "xará"... muito legal o teu Blog!! Amei mesmo!!! Achei muito dez a tua maneira de escrever.. esse jeito despojado de colocar as palavras no papel é muito cativante, nos instiga a ler até o final!!! Um beijo, e podes ter certeza que te acompanharei sempre por aqui!!! Rê.

Anônimo disse...

Oi,tudo bem?
Adorei o teu blog, e o texto de "inauguração" não poderia ser melhor. Parabéns
Beijos
Emmanuelle

Nildo Junior disse...

Wolf, meu velho, são mauitas as nossas coincidências. Algumas ainda nem sabemos, outras acabamos descobrindo a cada dia. Gostei muito do teu texto, teu modo de escrever. E sei que o fato de seres revisor isso te dá uma maior capacidade de crítica e menor taxa de erro. A tua literatura há de florir no momento exato, como a de qualquer escritor. Mas é preciso exercitar, mesmo que seja num blog. Tenho o meu também e ele está linkado ao teu. O meu é http://ximangodiario.blogspot.com
Vai lá, dá uma olhada e deixa um rabisco com as tuas correções. Um abraço.

Anônimo disse...

Muitas vezes é difícil começar, tomarmos uma decisão. O mais importante é espantar a dúvida e tu, Rebato, começaste a espantar os teus fantasmas. Este é o primeiro passo a ser dado e, porque não dizer, o mais importante. Todos nos temos o direito à expressão. Se o jornalismo estava te aprisionando, por que não buscar outros vôos. Legal da tua parte buscar outros caminhos, pois o mundo está aí pra gente desfrutar da nossa lingua enquanto nos dão liberdade para isto. Sucesso. Cada vez sinta-se mais à vontade no teu blog, dispa-se, seja você mesmo e proporcione aos teus leitores o prazer de conhecer uma pessoa maravilhosa como tu. Solta a franga!!!