19.1.06

Amar as palavras

Janeiro passa da metade quando me dou conta: no dia 9, completaram-se seis meses que estou aqui, escrevendo. Nesse tempo, mais de quarenta vezes tive motivos para clicar o botão “publicar postagem” do site. E pensar que demorei dois meses apenas para criar coragem e despir o rei. Difícil é dar a primeira pedalada, não andar de bicicleta. Sem saber onde poderia parar, às vezes parava frente a um verso ou uma frase, e: modéstia à parte, gostei disto.

Volta e meia perambulam entre minhas palavras amigos que me ajudaram a estar aqui. Muito usei de lugares-comuns, certas concessões precisei pedir ao leitor e a outros autores. Afinal, escrever segue sendo um duelo entre o novo e o que já foi dito. Posso dizer o mesmo de outra forma sem copiar? E se o justo sentimento já expresso por outrem se repetir, ele não será novo – para mim, pelo menos? "Mas quais são as palavras que nunca são ditas?"

O ainda desconhecido protótipo de cronista e poeta terá de lutar muito se quiser um editor. Por enquanto, neste microuniverso, além de geralmente ignorado, ele já foi elogiado, contestado anonimamente, de certa forma censurado, serviu de inspiração... e, mais importante, um punhado de vezes teve confirmadas as palavras da amiga que o incentivaram a buscar na poesia uma forma de expressão (alô, Karen!).


Continuar aqui é, a cada dia, uma esperança de encontrar nas palavras uma fonte de liberdade, de autoconhecimento, da emoção que corre nas veias, mas que normalmente não se deixa sangrar por puro medo. Amar as palavras é amar sua origem, seu chão, o que eu modestamente tenho tentado. Acordar sozinho para as “grandes verdades” já é um exercício difícil, Katinha; quando se consegue pôr isso em palavras e ajudar alguém, já se chegou a algum lugar. Portanto, let it bleed.

Um comentário:

Katia K. disse...

Adorei os últimos textos, meu amigo!
Pra variar com pressa, no ritmo acelerado de Sampa...
Abraços e muita inspiração no seu caminho ;-)