28.3.06

O centrão da pizza

A que ponto chegamos. Um deputado estadual do PFL gaúcho aparece em propaganda na TV pregando um Estado “mais igualitário, mais liberal”. Ora, ele deu o caráter de sinônimo a duas condições político-econômicas incompatíveis. Afinal, o “Estado liberal” só é igualitário em dar mais condições àqueles que já as possuem.

Repetindo: a que ponto chegamos. Um dos partidos mais comprometidos com o capitalismo industrial e financeiro apresentando-se como via alternativa a mais quatro anos de descrédito na política, desta vez propiciados pela desilusão na estrela amarela do PT.

Ontem, pediram demissão (apenas) o ministro da Fazenda e o presidente da Caixa Econômica Federal, pelo envolvimento na quebra do sigilo bancário de um caseiro. Em que mãos estamos? O governo e os bancos já giram com nosso dinheiro, obtendo lucros absurdos; agora deram para girar com nossas informações particulares.

É bem verdade que o escândalo atingiu tamanha proporção que não restou alternativa aos envolvidos na quebra do sigilo senão a demissão. Mas quero ver se eles serão realmente responsabilizados pelo que fizeram. Se o presidente da CEF pegar os seis anos de prisão imputáveis ao crime que confessou, eu sou o sultão da Gongólia. Afinal, apesar da fama que a pizza tem como parte do cardápio paulistano, as melhores casas do ramo parecem ficar em Brasília.

O problema é que, se não faltam boas opções de pizzarias no mercado, o mesmo não acontece com os partidos políticos. Em vinte anos como eleitor, já vi uma ciranda de governos no Palácio Piratini, outra no Planalto – e pouco mudou. Enquanto o Partido dos Trabalhadores mantinha (alguma) coerência em dezesseis anos no governo municipal, eu via Lula, de operário a presidente, podando a barba e o discurso para que a corrente ideológica dominante o aceitasse no poder. Nesse tempo, a ditadura militar foi apenas substituída pela civil. Em termos de dignidade e cidadania, pouco se conquistou.

No final, em quem confiar? No PSol? Na hipotética “terceira via”, de existência ainda não comprovada? Não parece haver direita e esquerda; estas pertencem ao campo teórico. A prática é a do centrão todos-corporativamente-juntos, aparentando algumas diferenças para efeito de perfumaria, como nos partidos políticos norte-americanos.

Algumas coisas melhoraram, sem dúvida. Há trinta e cinco anos, este texto mereceria os porões do governo Médici. Entretanto, a desilusão persiste. Como a jornada de 14 de julho de 1789, em Paris, que, ao final, resultou apenas na troca de uma elite por outra. Por isso o velho é apresentado como novo (de novo) na TV. E muita gente ainda acredita.

Um comentário:

jkl disse...

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