16.9.06

Auto-retratos


Dois olhos me olham da tela
E fixos adentram o peito;
Perguntam: agora o que é feito
Dos sonhos – os meus e os dela?

Os olhos me auto-retratam
Da moça que jaz impaciente;
As dores que aguçam a mente
São gêmeas das dores que matam.

Então, qual retrato de Frida
O artista já sem esperança
Da dor vencedora descansa
Vencido, vomita a vida.

E a arte (o artista é quem nota)
Na vida é única fresta:
A tela, este corpo que resta,
A tinta, este sangue que brota.


Tela: Frida Kahlo, "Sin esperanza". http://i24.photobucket.com/albums/c21/agentlain/Frida_Kahlo_without_hope.gif

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda mais desconcertante (e bonito) do que a tela.
Zana