12.9.06

Situação crônica

Às vezes, ele está mais calmo. Outras vezes, dói no ouvido. Esta semana tem doído tanto que não houve como não falar na pseudocrônica que Pedro Bial tem feito na viagem do Jornal Nacional pelo interior do Brasil. E imaginá-la por escrito, como está eternizada no site da Globo, chega a ser constrangedor.

Segunda-feira, em Belém do Pará, o âncora do BBB ia bem até dizer que a caravana JN estava tomada “pela febre da estrada”. Percebem-se os efeitos. Depois, o filósofo Benedito Nunes, entrevistado do dia, comentava sua distância dos grandes centros: “A margem sempre me dá um distanciamento. Eu sempre fui um marginal”. E a pérola bialesca, navegando pela margem errada: “Não há marginal mais doce e íntegro”.

Na terça, insisti outra vez em acompanhar a caravana, mais por inércia que por crédito às histórias que Bial tem a contar. O ônibus foi substituído por um barco, que margeia a Ilha de Marajó rumo ao rio Amazonas. E o sol torrando as células cinzentas: “No mapa o labirinto de braços de rios até parece fazer sentido. A olho nu, horizonte exagerado”. Bial começa a ver coisas: “Às margens, o povo em rebuliço acena para nós”. Eu pensei ter visto seis ou sete crianças acenando.

Achei válido, realmente interessante, o Jornal Nacional querer mostrar um pouco das paisagens, da cultura e das vozes do nosso país. Mas uma empreitada desse tamanho, para cobrir 8,5 milhões de quilômetros quadrados em apenas dois ou três minutos a cada dia, ao longo de dois meses, merecia mais informação, mais objetividade e menos enfeites com as palavras. O espectador perde seu tempo; Bial, oportunidades diárias de ficar calado; e a Globo, a chance de compor uma série jornalística memorável.

3 comentários:

Marcia disse...

como diz um amigo meu, o Bial "não tem senso de noção". :P

Telejornalismo Fabico disse...

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li numa revistinha de fofoca que a globo quer fazer um documentário com o material.
imagina, então, o bial em tamanho montro na tela, proferindo baboseiras improferíveis.
válha-nos, deus.


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Ferdibrand disse...

De fato... Eu imagino, então, os pobres dos funcionários presos dentro do ônibus do JN por dois meses junto com o Bial, com sua larga experiência de Big Brother. Como estão nossos heróis???????