29.8.05

Versos turvos

Encaro nos traços deixados algures
A indelicadeza de um pouso forçado
E a queda estilhaça respeito e estima
Valor diluído em posse e orgulho.

Tentei levantar-me, grilhão das palavras,
Mas quedo calado com tal prepotência
De um tempo que espera manter-se intacto
Não vendo a vida escapar-lhe entre os dedos.

Os versos são brancos, os tempos são turvos
Quem dera não visse, em tal desalinho
O zelo e o perjúrio, o afeto e a torpeza,
Mas tudo que passa carimba o futuro.

E a dor que agride, que trama, que castra
É fonte ela mesma de mais liberdade,
Me torna aconchego aos doces sentidos
E, à fria dureza, a rude muralha.

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