22.12.05

A espiral

Isto me faz lembrar uma crônica do Verissimo. A idéia é parecida... mas vá lá. Toda gente entra numa espiral dessas vez que outra. Mesmo que não eu esteja usando nenhum remédio que não sei onde meti. Bem, talvez seja por isso mesmo.

E começo justo por ela, a crônica cujo nome não lembro. A necessidade de não esquecer nada. De fazer caber no cérebro a Encyclopaedia Britannica. Afinal, quem mais lembra mais será lembrado. I forgot to remember, ou algo assim. Acho que é um nome de música... ou será de um disco? Minha memória não dá certeza. Exceto a de que tenho apenas uma vaga idéia.

Também, a quantidade de coisas que nos obrigamos a lembrar! E, para piorar, ainda uso agenda. Sem ela, talvez tivesse mais tempo, pois certamente esqueceria uma porção de obrigações todos os dias.

Como... fazer as compras. Pagar as contas. A do condomínio não, pois esqueci o vencimento e, agora, a multa é a mesma em qualquer dia. Um nome para o meu filho. Este filme não posso perder!!!! Quinze telefonemas, trinta e-mails e ainda se livrar do lixo eletrônico. Época de Natal? Presentes, cartões, mais e-mails. Aproveitar ao máximo o recesso e ainda não ficar alardeando porque pega mal. Cuidar-se. Parecer sereno, para que não apareçam rugas, como os monges de “O nome da rosa”. Aparar as unhas e a barba, pois não quero que me peguem para Zé do Caixão ou Raul Seixas. Espelho, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu? Frankly, my dear, I don’t give a damn.

E assim voa a humanidade, porque, se caminhasse, não chegaríamos sempre atrasados. Passar no concurso. Ser bamba em informática, culinária, enologia, história medieval, renascença italiana, expressionismo alemão, economia popular e ainda dominar quatro línguas. A Caverna de Platão e o materialismo de Hegel. Crônica, conto e poesia. Escrever e ler, ler, ler. Todos os jornais, todos os noticiários da TV e todos os do rádio, senão eu não sou jornalista, pregavam os professores da faculdade. Não seria melhor na época de Groo, o Errante? O menestrel, por mais chato que fosse, servia de jornalista, músico e poeta num só pacote. Venda casada séculos antes do capitalismo selvagem. Nada de celulares que funcionam geralmente nas ligações de engano e para avisar que seus créditos estão acabando. Recarregue seu aparelho. O Orkut servidor agiu de forma inesperada. Este programa cometeu uma operação ilegal e será fechado.

Chega! Quisera que essa espiral não fosse como aquela sem fim de “Um corpo que cai”, e sim uma simples mola de relógio que, de tanto apertar, quebra e volta à posição normal, relaxando-se. Com uma só cajadada, dois coelhos: nada de espiral e nada de relógio. Se, depois de tudo, for um lugar como aquela praia plácida onde Jodie Foster caiu e encontrou seu pai, não será de todo mau. Aí, quem sabe, poderei pensar serenamente nas pessoas que amo e até, numa crônica, citar o nome daquela que o Verissimo escreveu. Por enquanto, só consigo lembrar os Zugspitzartisten.


Mas por que diabos estou lembrando os Zugspitzartisten?

Um comentário:

Anônimo disse...

perdido na web me dou de cara com esse blog ..algo familiar neste "ferdibrand", alias nem sei por que esse pseudônimo ... e a pergunda que não me sai da cabeça? masukiéisso??? """Zugspitzartisten?""" ..sou leigo tá?